Editorial

Preocupação urgente

Duas das páginas da edição de hoje do DP falam, em frentes diferentes, de um mesmo assunto, um tema que deve ser cada vez mais debatido daqui para frente e tem tudo para nortear o processo eleitoral que ocorrerá em pouco mais de seis meses: deepfakes e inteligência artificial. Se, nos últimos vários pleitos, as fake news foram o balizador de boa parte das discussões envolvendo o tema, o elemento tende a ganhar um acréscimo significativo com o avanço da tecnologia e o consequente uso para geração de conteúdo falso.

Para quem não está familiarizado, os deepfakes são aqueles vídeos produzidos principalmente por inteligência artificial em que alguém aparenta vestir, falar ou agir de alguma maneira que, na verdade, foi montado por computador. As fotos estilosas do Papa Francisco, por exemplo, foram criadas para fins de humor um tempo atrás. No entanto, é muito fácil colocar alguém em uma situação absurda sem ser verdade. De certo modo, não é possível mais confiar nos próprios olhos e ouvidos diante de um conteúdo digital.

Ontem, repercutiu na região um suposto áudio do vice-prefeito e pré-candidato à Prefeitura de Canguçu, Fininho (MDB), em que ele estaria falando mal de pessoas e da zona rural da cidade. Ele garante que jamais falou tais frases e que o conteúdo foi, na verdade, produzido por inteligência artificial. Fez até boletim de ocorrência, como mostra a reportagem na página 12 de hoje. No entanto, há quem vá duvidar, dizer que é desculpa e tudo mais.

Em algum momento, isso pode realmente se tornar uma desculpa. E é aí que tudo fica mais grave. Disse ou não disse? Quem criou esse conteúdo? Com qual intuito? O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal já estão prestando atenção nisso, como mostra a reportagem da página 20. No entanto, vai ser um longo caminho a se percorrer para cidadãos, candidatos e até imprensa na luta contra as mentiras circulando cada vez mais livremente e com roupagens tão difíceis de identificar.

Ao que tudo indica, vai ser um dos pleitos mais difíceis, especialmente neste caso em que as disputas se dão a nível hiperlocal, muitas vezes sem tanta atenção dos órgãos eleitorais e sem veículos de imprensa atuantes. Vai ser complicado, mas é um momento para cada vez mais reforçarmos a luta, enquanto cidadãos e enquanto entidades, por eleições limpas e honestas.

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